Rodrigo Decimo evita ‘continuísmo’ em terceiro governo tucano em Santa Maria

O vice Rodrigo Decimo foi eleito para ser o terceiro prefeito seguido do PSDB em Santa Maria. Apesar de ser um governo de continuidade, busca evitar ‘continuísmo’ na gestão.

À frente da primeira grande cidade a ser atingida pelas enchentes de maio, Decimo deve ter um dos principais focos na criação de um plano de resiliência voltado principalmente à proteção de encostas. A área da segurança pública também deve ser um desafio com o crescente número de homicídios.

A entrevista completa pode ser acessada no canal do Correio do Povo no Youtube ou através das principais plataformas de podcast.

A seguir, os principais trechos.

• Quais são os principais desafios de Santa Maria?

Teremos a prefeitura dedicada na educação, segurança e saúde. Nosso propósito é manter a educação em um patamar alto como temos; elevar o patamar da saúde, que tivemos avanços, mas enxergamos passos largos a serem dados; e na questão da segurança, da mesma forma, vamos instituir a Secretaria de Segurança Pública. Na infraestrutura, a questão da pavimentação e da iluminação. Vislumbramos, através das parcerias público-privada (PPPs) e das concessões, um instrumento que nos dá condições de melhorar serviços.

• Alguma PPP no horizonte?

Estamos com a PPP de iluminação pública, que já está com contrato assinado e, nos próximos dias, será iniciada formalmente. Fizemos o leilão na B3, a bolsa de valores de São Paulo, e um consórcio foi o vitorioso. Agora começa a substituição dos cerca de 28 mil pontos do município. Também está sendo feita a modelagem para a concessão da área do antigo Jockey Club.

• Apesar da continuidade, afirma que será um novo governo. Vai haver reformas?

Vai ser a primeira vez da história de Santa Maria que o mesmo partido estará na sua terceira gestão. Não é um processo de continuísmo. Queremos implementar mudanças que entendemos necessárias pela experiência que tivemos junto à administração municipal. Nossa intenção é que seja efetivamente um novo governo. Uma evolução. Mas vamos usar muito do que foi pavimentado durante esses últimos anos. Uma reforma administrativa se fará necessária, com o objetivo de não aumentar custos e remanejar cargos para que possamos ter novas outras pastas. A Segurança Pública é uma delas. Está no radar também a criação da Secretaria de Turismo.

• Santa Maria foi a primeira grande cidade a ser atingida pelas enchentes, registrando mortes. Quais os planos para proteger a cidade?

Desde o início do ano passado, estamos fazendo um aprimoramento do nosso plano de resiliência e contingência. Em maio, apesar de não estar concluído, já nos deu um grande apoio. Toda essa experiência que o Estado viveu nos leva a ter um novo patamar de cuidados. Fomos qualificando a defesa civil, trazendo geólogos, geógrafos, profissionais multidisciplinares, para que se pudesse dar uma resposta mais rápida. Em maio, esse investimento se mostrou bem assertivo. Estamos dedicados a instalar sistemas de alertas e monitoramento das áreas de risco. Santa Maria tem uma característica geológica de ter bastante morros no seu entorno, e o motivo das mortes foi justamente por deslizamentos de terra.

• Estudo da Ufrgs mostrou 130 deslizamentos durante a tragédia. Seria a questão número 1 do plano?

Seria, sim, a contenção de encostas, mas também somos cortados por sangas, riachos, braços de rios, afluentes. A questão das cheias, das inundações, apesar de não ter causado nenhum óbito, merece uma atenção grande.

• Haverá reassentamentos?

Sim, já estamos fazendo isso. Transferimos mais de 300 famílias de áreas de risco, inclusive geológico, para residências com aluguel social. E estamos fazendo a aquisição de moradias para famílias que estão em áreas de risco ainda. Moradia própria, são imóveis em que o teto é de R$ 200 mil. Já temos R$ 21 milhões do PAC para justamente fazer esse investimento. Também fizemos, nos últimos anos, em torno de 12 mil regularizações fundiárias.

• O Ministério de Portos e Aeroportos prorrogou até 2059 a exploração do aeroporto de Santa Maria pelo município. Pretende fazer investimentos?

Já temos aprovado, no novo PAC, R$ 28 milhões para a readequação e ampliação do nosso terminal do aeroporto. Temos uma situação em que a pista da base aérea foi construída para receber aviões de menor porte. Caças, principalmente. Para uso comercial mais econômico, teríamos que usar aviões de maior porte. Precisaríamos fazer um reforço na pista. Para isso, poderíamos ampliar esse recurso do PAC.

• Entre janeiro e agosto, o número de assassinatos aumentou quase 25% em relação ao mesmo período de 2023. Há diagnóstico?

O homicídio é um indicador que baliza a segurança. Infelizmente, nesse ano, aumentou bastante. Estamos tomando providências, colocando, no nosso presídio regional, bloqueadores de celulares. Estamos aguardando uma unidade de helicóptero da Brigada Militar lá para Santa Maria. Apesar dos indicadores de homicídio terem subido bastante neste ano, todos os demais indicadores têm queda e queda muito significativa, como roubo a estabelecimentos comerciais, assaltos a pedestres, roubo de carros, etc. Não que homicídios não sejam relevantes, mas acontecem muito por guerras de facções.

• A guerra de facções tem se intensificado?

Santa Maria tem uma peculiaridade. Não temos uma facção predominante. Tem várias pequenas facções. Muito se justifica esse índice porque esses pequenos grupos se digladiam e acaba resultando em mortes. Outras regiões do Estado tem um grupo preponderante e o índice de homicídios é baixo porque não tem guerras. Isso foi a leitura de um delegado da Polícia Civil que me colocou essa característica.

• A criação de uma secretaria de segurança parte disso?

Também, mas o objetivo tem no contexto que tenhamos mais qualidade de vida. Isso passa muito pela segurança. O investimento na PPP da iluminação pública já vai refletir nesse quesito. Quem sabe não de forma direta na questão de homicídios, mas nos outros demais delitos que já estão em queda, provavelmente tenha uma queda maior.